Gostei tanto da primeira experiência em bicicleta que, logo após uma semana, aventurei-me de novo, desta vez por terras minhotas.
Estava um dia chuvoso, escuro e nada agradável. Mas como já estava tudo combinado e as bicicletas já estavam reservadas, decidimos arriscar mesmo assim. E foi a melhor decisão de sempre! Pedalar com cheirinho a chuva e a floresta verde, pelo meio de paisagens idílicas a desfrutar da paz, do som dos pássaros e da boa companhia é mágico.
Ecovia do Rio Minho
Não conhecia, de todo, esta ecovia. Já tinha estado nesta zona do país, mas para conhecer e visitar as cidades (Vila Nova de Cerveira, Valença, Caminha, Monção).
A Ecovia do Rio Minho, tal como o nome diz, é acompanhada pelo rio Minho em quase todo o seu percurso e estende-se por mais de 40 kms, fazendo a ligação entre Monção e Caminha. Considerada a 3.ª melhor via verde da Europa, nos European Greenway Award, é um corredor colorido, misturando a cor avermelhada do pavimento com o verde das árvores e as cores em tons de amarelo e castanho dos campos de cultivo.
O que mais destaco nesta ecovia é o chilrear dos pássaros. Existem, ao longo do trajeto, alguns observatórios das aves que predominam naquela zona.
Onde comecei
Depois de 1h30m de viagem de carro, estacionamos no Parque de Lazer do Castelinho, junto ao rio, em Vila Nova de Cerveira. Como o objetivo era DESCER a Ecovia do Minho, a empresa onde alugamos as bicicletas transportou-nos de Vila Nova de Cerveira até Monção. Iniciamos a aventura em Monção, por volta das 12:30 e terminamos em Vila Nova de Cerveira, cerca das 18:30. Foram 4 horas e 36 kms a pedalar. Como não podia deixar de ser, paramos imensas vezes para contemplar a paisagem e recuperar energias com uns snacks.
Aluguer de bicicleta
Alugamos a bicicleta no olavida.pt, uma empresa de ecoturismo e outdoors, sediada em Vila Nova de Cerveira, com o selo Clean&Safe, e que nos recebeu muito bem.
As bicicletas são próprias para passeio em cidade, têm um selim muito confortável, alforjes para transportar os pertences, e também um capacete e bomba de ar. Além disso, são desinfetadas e afinadas antes de as usarmos.
Para quem tiver interesse, a olavida.pt dispõe de uma grande variedade de serviços para usufruir na região.
Percurso
Este percurso, por muitos intitulado de “descida da ecovia do Rio Minho”, faz jus ao nome. De facto, é quase sempre a descer. Existem, no entanto, algumas pequenas inclinações, principalmente no início do troço. A que mais se destaca é a subida para Valença. São uns bons 500 metros a subir e que obriga a um esforço suplementar.
Consegui subir até meio a pedalar e, para mim, já foi uma vitória!
O pavimento, que vai mudando de cor ao longo do trajeto, é largo o suficiente para que peões e ciclistas possam circular à vontade.
Alertas para possíveis perigos no trajeto
- Em algumas zonas do pavimento existem fissuras provocadas pelo crescimento das raízes das árvores e que podem causar acidentes. É necessário ter atenção.
- As imensas barreiras de segurança que vão aparecendo ao longo do trajeto, algumas delas muito estreitas para ciclistas, principalmente os que não têm tanta experiência no domínio da bicicleta.
Visitas ao longo do percurso
Ao longo deste trajeto aparecem alguns pontos de interesse que enriquecem ainda mais esta viagem. Decidimos parar para os visitar, até porque as pernas já pediam um descanso.
Torre de Lapela
Esta não conhecia, mas foi uma visita agradável. Uma imponente torre que é tudo o que resta do antigo Castelo de Lapela. Podem subir as escadas e contemplar a paisagem sobre o rio, da única varanda acessível.
As escadas são daquelas abertas que nunca sabem onde pousam o pé, se na escada ou no espaço aberto entre degraus. Claro que eu não subi, mas houve uns aventureiros que o fizeram e adoraram.
Fortaleza de Valença
Local que já conhecia mas que é sempre bom visitar. A praça-forte de Valença, que fica no alto da montanha e que nos permite vislumbrar a espetacular vista sobre a cidade e o rio.
O difícil foi subir, mas depois fomos compensados pela descida de volta ao troço.
Aqui, aproveitamos para beber um café e combinar a próxima aventura.
O que levei
Como o objetivo era passar o dia fora de casa, tive que levar mantimentos para todo o dia. E à boa maneira portuguesa, exagerei na quantidade. Achei que ia só para comer e não para pedalar. 😀 Valeram-me os alforges para distribuir o peso, senão teria de carregar tudo na mochila.
Em dias de chuva, como era o caso, uma capa impermeável é indispensável. E os óculos, que além de protegerem do embate com os mosquitos que se atravessam à nossa frente, também protegeram da chuva.
A minha experiência
Adorei este percurso da Ecovia do Minho. Foram 36 km a pedalar, ao longo do rio Minho, com paisagens naturais, com cheiro a chuva, a terra molhada e floresta verde. Se não sabem o que é o cheiro a terra molhada e floresta verde, têm mesmo de percorrer esta ecovia num dia de chuva. Maravilhoso!
E o canto dos pássaros? E as árvores plantadas em cima das margens do rio? E a floresta densa mas bem cuidada? Encantador!
Foi mesmo mágico. Dei por mim, imensas vezes, a fechar os olhos para sentir o vento, a chuva, o cheiro e os sons. Saborear estes passeios de bicicleta está a tornar-se num meio terapêutico e relaxante para mim.