Vivemos um período pelo qual, a maior parte de nós, nunca passou.
Uma guerra que está a ser travada contra um adversário invisível. Uma guerra onde para vencer não são necessárias armas, mas sim amor próprio e ao próximo. São momentos complicados e difíceis de gerir. São momentos em que sabemos que só a responsabilidade e a solidariedade nos pode salvar.
E é sobre a solidariedade que quero falar. Este é um artigo que quero escrever para mostrar o quão orgulhosa me sinto da equipa com quem trabalho. Uma equipa que, perante qualquer desafio, não baixa os braços.
Reinventar e reorganizar para continuar
Em tempos conturbados como os que vivemos, a ansiedade aumenta, os medos e os receios assumem uma posição maior e sentimos que estamos perante o maior desafio da nossa vida. Um daqueles desafios que receamos não conseguir ultrapassar e que não nos deixam dormir à noite. E foi aqui que percebi que trabalho com a melhor equipa.
A Instituição onde trabalho, além das respostas de ensino, também tem respostas de apoio social e à terceira idade.
Assim que decretado pelo Governo Português, as respostas do ensino foram encerradas, mas o apoio aos idosos, bem como o apoio social, teria de ser mantido. Para dar continuidade a este serviço, era necessário uma equipa de trabalho diariamente na rua, equipa essa que também teria de ser protegida o mais possível.
O objetivo era prolongar este apoio e esta ajuda às pessoas pelo maior período de tempo possível. E foi aqui que tivemos de nos reinventar.
De que forma nos reinventamos?
Reinventarmo-nos não é o mais difícil. Por vezes, até é bom que o façamos, pois podem nascer ideias novas. O difícil neste processo foi o pouco tempo que tínhamos para o fazer.
Sinto-me verdadeiramente orgulhosa da forma como tudo foi delineado e gerido. Sinto-me orgulhosa das pessoas que, mesmo antes de saber o que iria ser feito, já se tinham oferecido para ajudar.
As respostas da terceira idade foram encerradas e todos os “avozinhos”, como carinhosamente lhes chamamos, foram para as suas casas, para junto da família com quem vivem. O apoio continuaria a ser-lhes prestado, mas no conforto dos seus lares.
Foram definidas quatro equipas de intervenção com colaboradores de todas as áreas (gestão, educação e apoio social).
Foram criados diferentes horários de trabalho para cada equipa, por forma a que nenhuma equipa se cruzasse em serviço. O objetivo era que, caso alguma equipa tivesse de ficar em isolamento, todas as outras equipas se manteriam aptas a dar continuidade ao serviço.
Foram feitas formações rápidas e intensas a todos, para que conhecessem bem o plano de trabalho e todo o serviço a fazer.
E, neste momento em que vos escrevo, há colaboradores da área educativa a distribuir refeições, colaboradores do apoio social a confecionar refeições e colaboradores da gestão a prestar apoio social. Caso para dizer que estamos todos juntos a remar na mesma direção.
É desta equipa que me sinto orgulhosa!
- Orgulhosa porque ninguém baixou os braços.
- Orgulhosa porque, mesmo com medo, todos seguiram em frente.
- Orgulhosa pelo espírito de equipa e união que se sente.
- Orgulhosa porque pertenço a uma equipa que sabe que é em momentos como este que temos de ser mais unidos do que nunca.
- Orgulhosa porque, mais do que uma equipa de trabalho, esta é a minha segunda família.
Aliamo-nos ao “Covid-19 Uber”
Além da continuidade dos serviços de apoio, ainda nos aliamos a um projeto implementado pela Câmara Municipal de Penafiel, intitulado de “Covid-19 Uber”.
Este projeto é um plano de emergência social que nasceu para prestar apoio a famílias que tenham de ficar isoladas durante algum tempo, em que equipas de intervenção entregarão alimentos, medicação e outros bens essenciais.
Neste período que atravessamos, em que todos nos sentimos perdidos, em que nos vemos forçados a agir mesmo não sabendo muito bem como, sentir a união da minha equipa e ainda pertencer a um grupo de apoio de maior escala, na cidade onde pertenço, fez-me sentir mais forte, útil e com mais preparação para tudo o que aí vem.
E voltando à minha equipa, tenho motivos para estar orgulhosa, sim!
Esta equipa, com quem trabalho já há mais de uma década, é mesmo a minha segunda família. É com ela que passo a maior parte do meu tempo e onde cresci enquanto pessoa e profissional. Nesta família construí amizades para a vida. Com esta família não há apenas trabalho diário, também há ótimos momentos, de divertimento e descontração. Gosto muito de todas e elas sabem disso.
Muito mudou e ainda muito vai mudar nesta nova realidade em que vivemos.
Mas estamos cá para enfrentar e “agarrar o vírus pela coroa”.
Somos todos um só. E se continuarmos com os comportamentos recomendados, vai mesmo ficar tudo bem!