Este é um artigo onde exponho a minha opinião pessoal sobre a esterilização/castração de animais de companhia, nomeadamente cães e gatos. Sinto que é um tema que é necessário abordar.
Recentemente, aquando da esterilização da minha gatinha e partilha de todo o processo nas redes sociais, recebi imensas questões e notei que este é ainda um assunto que envolve muitos mitos e tabus. Na verdade, foram muitas as pessoas que me questionaram sobre se esta seria ou não uma intervenção contranatura. E é sobre isto que quero falar.
O ser humano, desde os seus primórdios, domesticou animais para companhia, principalmente cães e gatos, e fez com que se tornassem em seres dependentes para sobreviver. Sem qualquer tipo de controlo, o número de animais errantes começou a crescer até ao ponto que atualmente conhecemos: um elevado número a viver nas ruas, sem qualquer cuidado básico e a reproduzirem-se desmesuradamente.
O cenário é muito negro, mas para o tornar ainda pior, vejamos os milhares de animais mortos, anualmente, por variadas razões. Muitos porque já não são desejados, outros porque deixaram de ser “úteis” à sociedade ou simplesmente porque deixaram de ter espaço. E ainda existem os que são mortos por puro prazer e diversão do ser que se diz humano.
São milhares os animais que, no momento em que lês este artigo, sofrem nas ruas e estão condenados a morrer, seja por doença, atropelamento ou até desgosto.
Fico de coração partido sempre que saio de casa e vejo animais a vaguear pelas ruas, magros, assustados, de cauda para baixo e a vasculhar os contentores de lixo. E, mesmo sendo proibido alimentar animais de rua, em alguns municípios do país (o que acho abominável numa sociedade que se diz eticamente evoluída e civilizada), tenho sempre no meu carro sacos de ração para alimentar os que se cruzarem comigo na rua. O meu coração não aguenta ver animais em pele o osso, mães com ninhadas esfomeadas e crias a morrer à fome.
Já, por várias vezes, resgatei animais em condições miseráveis, em situação notória de abandono, deixados propositadamente para morrer à fome. Um dos resgates, e talvez o que mais me doeu, dado o estado em que se encontravam, foram os seis cães bebés que resgatei, em 2019. Podem ver toda a história aqui.
Se já tantos existem nestas condições, porquê perpetuar ainda mais este sofrimento? Porquê deixar que se continuem a reproduzir? Porquê permitir que nasçam já condenados à morte?
É por ver e viver neste cenário angustiante que acredito que a solução passa pela esterilização e controlo da população animal. Não vejo a esterilização de animais como uma intervenção contranatura, mas defendo que devemos trabalhar com o objetivo de chegar ao ponto em que deixe de ser necessária esta intervenção.
Na minha opinião, contranatura é o abandono, os maus tratos, as atrocidades cometidas e que pouco ou nada seja feito para mudar.
Tenho dois gatos e uma gata, que resgatei da rua e vivem comigo dentro de casa e, mesmo garantindo que não têm acesso ao exterior, optei pela esterilização dos três. Não queria, de todo, que os meus gatos dessem origem a mais ninhadas. Óbvio que, caso isso acontecesse, iria garantir que os filhotes seriam adotados por boas famílias, no entanto, há muitos outros a viver em Associações à espera dessas mesmas famílias, um lar e muito amor.
Por falar em Associações, Canis e Gatis, tenho de mencionar que, embora os voluntários destes albergues façam, na sua maioria, um excelente trabalho, estas não são as condições perfeitas de vida para um animal.
No âmbito do meu projeto “Paiva, o Gatinho Amarelo”, tenho vindo a visitar várias Associações, Canis e Gatis. Nestas visitas, encontrei pessoas determinadas e empenhadas em lutar pela causa animal, pessoas que acreditam estar a fazer, todos os dias, o melhor pelos animais. Mas, na verdade, nem sempre aquilo que é feito se traduz no melhor pelo animal. Seja pela falta de condições a nível de infraestruturas, de recursos económicos e até de tempo livre por parte dos voluntários para lhes dedicar.
Muitas vezes, os animais ficam confinados a um pequeno espaço, sem liberdade de poder correr para gastar energia, sem poder ter contacto com a vida lá fora, em stress e sofrimento, à espera de um dia virem a ser adotados. Dia esse que, para muitos, infelizmente nunca chega.
Eu estive lá e vi. Olhares apagados e sem brilho. Vidas confinadas a espaços cinzentos. Embora bem de saúde e de barriga cheia, esta não é, de todo, uma vida digna para um animal.
É por tudo isto que defendo a esterilização/castração dos nossos animais de companhia, assim como de cães e gatos de rua. Para que o panorama não piore ainda mais. Para evitar que mais ninhadas nasçam destinadas a viver em sofrimento, nas ruas, desprovidas das condições necessárias a uma vida digna.
Vejo, assim, a esterilização como um ato de amor pela natureza e não como algo contranatura.
E, para terminar, deixo aqui a referência do Hospital Veterinário da minha confiança, para o caso de estarem interessados em informações mais específicas sobre a castração/esterilização animal. Este é o Hospital em que confio a saúde dos meus filhos de quatro patas. Um hospital com boas condições e onde trabalha uma equipa incrível, simpática, altamente dedicada e apaixonada pela profissão. Tenho a certeza que vos esclarecerão todas as dúvidas sobre o processo da castração/esterilização dos vossos animais de companhia.
Hospital Veterinário Breed de Paredes
Contacto telefónico geral: 255 776 258
Atendimento permanente: 933 332 244
Email: hospital@breed.pt
Website geral : breed | serviços para animais de companhia
Caso tenham interesse em desmistificar ainda mais este conceito, recomendo também a leitura do artigo abaixo, da Animal Talks, um Blog com temas e artigos abordados por Médicos Veterinários.
Esterilização no Cão e no Gato – Desmistificar o conceito! (animaltalks.pt)