A minha vida sempre foi vivida com gatos. Desde pequena que convivo com estes “peluches com pernas” e sempre me foi incutido o amor, o respeito e o cuidado com eles. Os meus gatos são membros da minha família e com eles tenho vindo a aprender muito. Basta prestar-lhes um pouco mais de atenção para aprendermos algumas lições sobre como viver uma vida ainda mais feliz e plena.
Viver no presente
Os gatos sabem que o tempo mais importante é o presente. E é nele que vivem todos os dias. Eles não se preocupam com o passado, nem com o futuro. Eles apenas vivem o momento presente.
Com a correria do dia-a-dia, por vezes é difícil conseguirmos este estado. O de viver o momento.
“Mais importante que pensar, é saber parar de pensar”
(Eckhart Tolle)
Há dias em que dou por mim perdida num turbilhão de pensamentos.
E é nestes momentos que me lembro do que fazem os meus gatos e tento fazer o mesmo. Paro, respiro, prendo o olhar no que me rodeia e começo a agir como se nada mais estivesse a acontecer no mundo. Fácil, não é?
Não, não é nada fácil para nós, humanos de mil e um afazeres diários. Mas só o facto de conseguir abstrair-me uns minutos da turbulência em que vive a minha mente, já é uma lufada de ar fresco.
Apreciar as pequenas coisas
Quantas vezes já apanhei os meus gatos a brincarem com tudo menos com os brinquedos deles? Têm um arranhador bem vistoso e robusto, mas preferem qualquer caixa de papelão que apareça. Têm ratinhos de borracha e bolas com sininhos, mas preferem uma pétala de uma qualquer flor já destroçada. Têm um sofá confortável, mas deitam-se no tapete.
Com tudo isto mostram-nos que são felizes a viver com coisas simples.
Costumo dizer muitas vezes que a felicidade está na simplicidade do nosso dia-a-dia. Esta frase já é bem conhecida e, para mim, faz todo o sentido. Um beijinho ou um abraço de alguém que gosto, um chá quentinho em dias frios de inverno, um momento só meu, mimar os meus gatos, um bom pequeno-almoço na minha varanda, um café e uma boa conversa com amigos, são coisas que me fazem “ganhar o dia” e a vida. Mas, para que possamos dar o real valor a estas pequenas coisas, há que saber viver esse momento no presente. Estar lá com o corpo, a alma e a mente.
Fazer mais as coisas que me fazem feliz
Os gatos fazem apenas as coisas que gostam e que os fazem felizes. Vão atrás do que querem e se não têm interesse, dão a volta e vão embora. Passam os dias a fazer apenas as coisas que lhes dão prazer. Banhos de sol, sestas no sofá, brincadeiras, horas passadas no parapeito da janela a apreciar o mundo lá fora e até perseguir um qualquer inseto pela casa.
Com eles aprendi que a vida é muito curta e não a podemos desperdiçar a fazer coisas com as quais não nos identificamos. Como é óbvio, não podemos ter “vida de gato”. A vida não pode ser só comer e dormir. Mas podemos enumerar uma lista das coisas que gostamos de fazer e que nos dão prazer e tentar fazê-las o máximo de vezes possível, todos os dias. Desta forma, vamos passar mais tempo do nosso dia a fazer o que gostamos.
No meu caso, brincar com os meus gatos, sentar-me no sofá a ler um livro ou a ver televisão, experimentar uma receita nova, fazer fotografia, degustar um mug cake ou simplesmente estar em casa no silêncio dos meus pensamentos são coisas que me relaxam.
Não posso fazer tudo isto todos os dias, mas posso dedicar algum tempo para fazer uma das coisas e, pelo menos nesse momento, estou a fazer algo que me faz muito feliz.
Nunca desistir!
Esta é uma das lições mais importantes que aprendi com os meus gatos.
Ser persistente e nunca desistir.
Os gatos são capazes de passar horas no mesmo sítio à espera que um inseto qualquer se mexa para que o possam caçar. E se não conseguirem da primeira vez, vão tentar muitas outras até o alcançarem.
Não vamos caçar insetos, mas há muitas coisas na nossa vida que queremos alcançar. E são essas coisas que devemos perseguir, (no bom sentido da palavra, é claro), e nunca desistir antes de conseguir.
Muitas outras lições já aprendi com estes felinos. Mostram-me diariamente que a vida pode ser vivida numa velocidade inferior à que a levamos. Ensinam-me a ver a vida com mais leveza. Ver o mundo pelos olhos deles transmite-me mais segurança, mais calma e tranquilidade. Afinal, viver até é fácil. O que é difícil, por vezes, é saber viver.